quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ode noturna

É meia-noite
sentado em frente ao computador
sob fortes doses de álcool
com insônia
eu poetizo
digito atormentado
pensamentos e sentimentos
que me perseguem,
é minha alma
triste como um dia chuvoso
de céu cinzento e vento frio
em que os beatniks
olham melancólicos pela janela
a chuva cair na terra
e esperam ansiosamente pelo sol
para que possam seguir sua rota
rumo a qualquer lugar.
De repente
o som estrondoso de um caminhão
um cachorro late ao longe
e um bêbado passa na rua
cantando Roberto Carlos
me perco do que pensava
vou à janela
olho pro céu
vejo a lua e as estrelas
e pela primeira vez em minha vida
presto atenção nelas
que diferença fazem pra mim
a lua e as estrelas?
Nenhuma.
Isso me inspira
volto a escrever
com compulsão
meus dedos nervosos
afundam com raiva as teclas
olho no relógio
são quatro horas da manhã
já não agüento mais
com muito esforço
chego ao final do poema
o último verso
que a cãibra não me deixou digitá-lo
mas que não me impediu de declamá-lo.
Depois, finalmente durmo.

Flávio Soares

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