quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Conversando com Álvaro de Campos

"Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?"
Álvaro de Campos

Sabe, Álvaro
também nunca conheci
alguém que tivesse levado porrada
assim como você
estou cercado de campeões.

Oh! Mas que angústia
ver todos os olhos do mundo
me enxergarem tão vil
ao mesmo tempo que meus ouvidos se assombram
com as narrativas heróicas dos vencedores.

Diante dos semideuses
minhas infâmias se escondem no fundo de minha mente.
Que coisa mais vil!
Se esconde o demônio louco.
Se esconde o ladrão.
Se esconde o assassino.
Se esconde o egoísta.
Se esconde o ridículo.
Se esconde o anjo perverso.
Se esconde tudo o que pode haver de vil.

Por conta disto, Álvaro
também titubeio
ao falar com meus superiores
e me envergonho toda vez que ouço
suas vozes inumanas.

Flávio Soares


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Pelas grades do cárcere

Lá fora os pássaros cantam
e as raparigas passeiam.

Cá dentro um pássaro chora...

Flávio Soares