terça-feira, 19 de agosto de 2008

Os Toxic Twins

Os garotos eram desatinados. A culpa era do pai. Bebia e fumava maconha tranquilamente dentro de casa. Conforme cresceram, adquiriram esse hábito. Na adolescência conheceram o rock ‘n’ roll. Logo entraram num mundo inconseqüente. No quarto, pôsteres de Black Sabbath, Led Zeppelin e AC/DC. Duas guitarras. Cheiro de erva queimada por toda parte. Cerveja e cigarro em abundância.

À tarde, depois da escola, saia daquela residência, um som alto duma música agressiva. Os vizinhos que só conheciam pagode, forró e sertanejo enlouqueciam com o barulho, enquanto os dois loucos se divertiam. O local parecia que ia ser explodido com solos de guitarra seguidos duma forte bateria.

Nos finais de semana, esses irmãos se reuniam com seus amigos na garagem, fazendo uma tremenda rockonha. Sexo, drogas e rock ‘n’ roll. Beatniks livres. Aquilo era a road deles.

O tempo passou, os toxic twins envelheceram. Vieram as responsabilidades e a necessidade de trabalhar. Casaram, tiveram filhos. Mudaram de cidade. Ficaram barrigudos. Carecas. Muitas contas para pagar. Preocupações demais. A vida licenciosa teve que ser abandonada. Mas naquela vizinhança não há quem olhe para aquela casa, e não se lembre do rock selvagem, ecoando solto, quase pondo abaixo tudo ao redor.

Flávio Soares

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